quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Helena C. de Araujo


Proximidade
(Helena C. de Araujo)


De repente a sensação de que
tempo e distância
não são mais
do que um simples fechar de olhos

e no abrir dos olhos
extreitam-se tanto
a ponto de se caberem
entre os braços...


Márcia Maia




Última página do diário
(Márcia Maia)


As vezes, ele me amava
Depois, quase sempre, matava
Eu fingia que nada sentia, não chorava
Nem morria

Ontem,
Me achei tão cansada
Parei de fingir, baixinho chorei e morri
Sem me despedir




Foto: http://www.bp0.blogger.com

Não me fale deste amor




Não me fale deste amor


Não me fale deste amor desta maneira,
como se tivesse sido apenas coisa do passado.
O amor é. Ele nunca foi.
Não me fale deste amor
como quem fala de papel rasgado,
velhas anotações,
já sem qualquer valor,
a serem descartadas.

Me fale deste amor como coisa viva,
como o sangue que corre em tuas veias,
como a luz do sol que,
abrasadora,
queima a tua pele como fogo.

Me fale deste amor como coisa viva,
como o mar imenso que em seu movimento
faz o pescador alerta e esperançoso.

Não me fale deste amor desta maneira,
como se tivesse sido apenas coisa do passado...



Foto: http://www.blog.uncovering.org

Espelho


Espelho


Olhe através daquele espelho.
Ultrapasse a bruma que se forma
em sua superfície.
Entre no mundo encantado que
ele encerra.
Veja a paisagem fantástica que
ele apresenta à sua entrada.
Prove da água fresca e cristalina
do rio que corre transparente
aos teus pés.

Aventure-se por entre as
flores que formam o magnífico
jardim que lá existe e que
a gente não se cansa de olhar.
Sinta o perfume que ele exala.
Sonhe!
É tudo um sonho.
Passe lá o dia, antes de
retornar à vida real.


Antes de sair, acene para mim.
Estive lá e, mesmo sem você
perceber, te acompanhei neste
sonho.
Sonhe sempre assim,
ao meu lado...





Foto: http://aquiloquequiseres.blogs.sapo.pt

domingo, 26 de outubro de 2008

Amanhecer




Amanhecer


E o sonho veio.
Carregado de cores e de imagens,
exatamente como eu havia desejado.
E despejou tanto sol nesta manhã
que toda mágoa e desesperança
que se deitaram comigo na noite passada
se evadiram, fugiram cabisbaixos,
deixando um gosto de

te quero

nesta manhã tão limpa
e perfumada...

Foto: http://www.davi-pensador.blogspot.com

Parar o tempo!



Parar o tempo!


Por quê esta manhã
não se eterniza e
preserva tanto sol
pro resto dos meus dias?

Por quê teu rosto
não me acompanha
e o dia, para sempre,
seja o ideal?

Por quê o gesto calmo
não seja sempre este
e para o resto da vida
você esteja junto a mim?

Alma tua


Alma tua


Conquistada,
com nenhuma resistência.
Ocupada pacificamente,
sem nenhuma batalha e,
quem diria,

ainda orgulhosa
por ter sido presa
tão fácil,
minha alma é tua...

Prisioneira
desta paixão arrasadora,
ela se expõe, se abre,
se entrega...

...Feliz !

Não dá pra resistir...


Sentimento



Sentimento

Ela principiou num dia de sol
e caiu como não fazia há tempos.
Levou com ela toda esperança
que eu tinha, me deixando
orfão de sonhos.

Expôs, durante seu trajeto,
um grande pedaço de meu coração,
exibido como se fossem apenas
chagas sangrentas,
causa de dores lancinantes.

E ela demorou a rolar,
a cair definitivamente.
Arrastou-se lenta e
dolorosamente.

Foi única. Não foi seguida
por nenhuma outra.
Mas foi marcante.
Fez estragos,
foi fulminante.

Perdi você.
Logo depois dela.

Logo depois daquela tua lágrima.

Lágrima que verteu tua mágoa
e que me foi fatal...


Foto: http://www.pensadora2.blogs.sapo.pt

Vazio


Vazio


Se pensas que vazio
é a ausência de algo
ou de alguém,
estás enganada.

Se pra você vazio
é não ter alguém,
é se seguir só,
é sentir dor,
mais uma vez
você se engana.

Vazio não é nada
tão simples.

Vazio é não ter
você !

Nada mais,
nenhuma ausência mais
é tão vazio !



Sophia de Mello Breyner Andresen


Quando
(Sophia de Mello Breyner Andresen)

Quando meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar
E como hoje igualmente hão de bailar
As quatro estações à minha porta.

Outros em abril passarão no pomar
Em que tantas vezes passei
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que amei.

Será o mesmo brilho a mesma festa
Será o mesmo jardim à minha porta
E os cabelos doirados da floresta
Como se eu não estivesse morta.


Foto: http://baixaki.ig.com.br

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Heroína


Heroína

Heroína no meu
imaginário,
você, super-mulher,
tem papel decisivo
na missão mais
importante
de tua vida:
resgatar meu coração,
libertar-me
desta vida inútil
que eu levo
sem você !




Foto: http://sensualtv.blogs.sapo.pt

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Lucidez


Lucidez

Como um pedaço de papel dançando
em plena ventania de agosto ou
como garrafa vazia atirada ao mar,
sei muito bem para onde vou...

Como um bêbado amante da madrugada

naquele mesmo bar de sempre ou
como um papagaio preso na gaiola,
sei muito bem o que vou dizer...


Como um milenar pedaço de pedra
jogado por acaso à beira da estrada ou
como aquele fantoche amarrado à árvore,
sei muito bem quem sou...


Quem, além de mim, se conhece tão bem?

Quem, além de ti, me conhece tão bem?



Foto: http://www.papagaio.wordpress.com

Meus sonhos



Meus sonhos

As noites foram feitas
para sonhar.
Mas eu, teimoso,
não o faço.
Me nego a seguir
o comportamento
padrão.
À noite durmo e
não sonho.
São noites tão comuns,
sem nada a recordar.

Sonho mesmo é de dia,
sempre que posso
te olhar !


Foto:http://www.dentrodesiso.blogspot.com

Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)



Quem me dera
(Alberto Caeiro/Fernando Pessoa)

Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...

Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...

Quem me dera que eu fosse os choupos à margem dos rios
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...

Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás e de si tendo pena...


Foto: http://www.ptencontro.blogspot.com

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Meu coração



Meu coração

Paro e penso e lembro
daquele beco vazio onde,
tantas vezes passei.
Era estranho, assustador até.
Aquelas paredes nuas,
lavadas
e nada para quebrar
aquela ausência de tudo.
"Nunca vi lugar tão estranho,
tão abandonado",
pensava eu.

Hoje sei de outro lugar
igual àquele.
Ou será pior?

Meu coração é assim...


Velhos e novos amores



Velhos e novos amores

Velhos olhares, antigos amores,
saudades,
sapatos confortáveis.
Desafios novos?
Novos amores,
terreno inexplorado,
novos sabores.
Não quero velhos amores.
Nem novos, tampouco.
Quero você:
amor único !


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Rápida passagem



Rápida passagem

de passagem pela vida,
nau perdida,
à deriva em mar raivoso,
noites terríveis,
dias medonhos,
sobrevivi, apesar de tudo...
gesto largo, triunfante,
aprendi a ser
nave errante...

Foto: http://www.mingasmoita.blogspot.com

Pronunciamento



Pronunciamento

Ele veio do nada,
do vazio total,
da ausência completa.

Chegou decidido,
cheio de formalidades
e arroubos de grandeza.

Exigiu absoluto silêncio
para com voz empostada
dizer que não tinha
nada a declarar...
Foto: http://www.projetootempo.blogspot.com

Adélia Prado




Orfandade
(Adélia Prado)

Meu Deus,
me dê cinco anos.
Me dê um pé de fedegoso com formiga preta
Me dê um Natal e sua véspera,
o ressonar de pessoas no quartinho.
Me dê a negrinha Fia pra eu brincar.
Me dê uma noite pra eu dormir com minha mãe.
Me dê minha mãe, alegria sã e medo remediável,
Me da a mão, me cura de ser grande.
Ó meu Deus, meu Pai,
meu Pai.


Foto: http://www.atitudesconcretas.blogger.com.br

sábado, 18 de outubro de 2008

Exatamente igual




Exatamente igual



Não sou como o equilibrista do circo que,
com a maior facilidade,
anda no arame como se
no chão estivesse.
Não sou como a água que,
naturalmente se acomoda a
qualquer recipiente
assumindo-lhe exatamente a forma.
Não sou como o carvalho gigante que,
apesar do tamanho,
parece tão calmo, tão tranquilo
e que do seu lugar não arreda pé
por nada.


Sou exatamente como o vidro que,
ao menor choque,
se parte, quebra, se desmancha.
Sou exatamente como o pó que,
ao menor sinal de brisa,
se desfaz no ar.
Sou exatamente igual à
água da chuva que,
terminada a tempestade,
se infiltra pelo chão
e desaparece.


Sou apenas
gente
que, sempre que é maltratada,
sofre e chora...


Foto: http://www.presentepravoce.wordpress.com

Não vamos falar da lua


Não vamos falar da lua


Não vamos falar da lua.
Nem vamos falar de nós...
Tantas coisas a serem ditas.
Tanta vida transcorrida.
Encantos, desencantos,
verdades, inverdades.

Não vamos falar da lua.
Nem vamos falar de nós...
Espera incansável.
Certeza inabalável.
Tantas lágrimas, tantos sorrisos,
é a vida, somos nós

Não vamos falar de lua.
Nem vamos falar de amor !!!


Eu e o rio




Eu e o rio

Aquele rio, que na serra nasce,
que rapidamente se avoluma,
que no seu leito corre
apressado, decidido,
transparente,
lembra a minha prórpia vida...
Ela também não tem parada,
não decide pra onde vai,
corre solitária,
não volta e,
certamente,
terá seu fim no mar...


Você veio

Você veio


Vindo de terras distantes
o momento pareceu grave
e imaginei, por instantes,
que chegara o momento do adeus.

De formas estravagantes,
tão viril, tão impertinente,
parecia não haver saída.


Mas eis que a palavra
surpreende e,
ao contrário das evidências,
teu olhar se desvanece e
numa explosão de luz
você terna e simplesmente
me diz:
-"Te amo".


quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Arte do amor

Arte do amor

Soubesse eu escrever,

tivesse o talento de um poeta,
te descreveria em versos,
no poema mais lindo...

Fosse eu um pintor,
destes de primeiríssima linha,
te retrataria em cores vivas,
na tela mais premiada...

Se escultor eu fosse,
dos mais respeitados do mundo,
te materializaria em mármore,
na peça mais expressiva...

Sendo eu quem sou,
só reconheço em mim um talento.
Amar-te acima de tudo,
ter encontrado você !!!

Foto: http://www.diadenamorados.info

Soneto da vida



Soneto da vida

A vida, como mar revolto, transpira perigo.
Exige comando seguro, escolhas certas.
Mansão assombrada, janelas fechadas, portas abertas.
Fantasmas, sustos e medos. Fica comigo!

A vida, como porto seguro, tem dias felizes.
Praias ensolaradas, brisa suave, doce sabor.
Oferece momentos marcantes, alegria, amor.
Flores, romance, carinho, tudo o que me dizes...

A vida é desafio, enigma, mistério, surpresa...
Dias bons, dias ruins, experiências acumuladas.
Dela se guardam dores, carinhos, sorriso, tristeza...

Não se passa impune por ela, disfarçadamente.
Não se fica apenas com as coisas ruins...
Nem a alegria e o amor duram eternamente.

Foto: http://fabreubrazil.spaces.live.com

Cecília Meireles




Retrato
(Cecília Meireles)

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- em que espelho ficou perdida
a minha face?

Foto: http://www.revolucaodigital.net

Ilusão


Ilusão

Queria te falar de um povo,
que eu nunca conheci.
Te levar a distantes lugares,
para onde nunca fui.
Caminhar por extensos desertos,
por onde nunca andei.
Repetir as mesmas viagens,
que nunca fiz.
Te mostrar províncias conquistadas,
o que ainda não consegui.
Te contar tão antigos segredos,
que jamais vi revelados.
Derrotar valorosos soldados,
que eu nunca combati.
Te entregar terras tão valiosas,
que ainda não habitei.
Te dizer da maior homenagem,
que até hoje não recebi.
Te falar de um grande amor,
que ainda não vivi.

Foto: http://macondo.blogs.sapo.pt

Procurar


Procurar

Sempre que venho aqui
te procuro com os olhos.
- É bom te ver, admirar tanta beleza. -
Preciso aprender a, quando vir,
te procurar com os olhos e com o coração.

Quem sabe, assim, além de ver tanta beleza,
você volta e fica comigo?

Foto: http://blogdaloura.blogs.sapo.pt

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Manuel Bandeira


Desencanto
(Manuel Bandeira)

Eu faço versos como quem chora
de desalento... De desencanto...
Fecha meu livro, se por agora
não tens motivo nenhum de pranto

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... Remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
assim dos lábios a vida corre
deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.


Foto: http://www.armandonogueira.com.br

Cores


Cores

Fico aqui calado, quase sempre,
tentando lembrar as cores de ontem.
Só que eram imprecisas, me lembro,
manchadas de um cinza opaco.
Os brilhos das cores e de ontem
você levou quando se foi...


Foto: http://passodotempo.files.wordpress.com

Alma Gêmea


Alma Gêmea

Palavras ditas, espalhadas pelo ar,
irrecolhíveis, indestrutíveis, frias,
imbecilmente pronunciadas.
Veneno inoculado sem pensar.

Amor puro, verdadeiro, imenso.
Único antídoto contra este mal.
Extirpa-o sem necessidade de
quarentena, sequer.
Remédio apaixonado, infalível.

Coisa de alma gêmea.


Foto: http://www.arcoiris_davida.blogs.sapo.pt

Desafio


Desafio

Quisera encontrar o sorriso,
o mais bonito do mundo,
o que me desse certeza de
estar diante do paraíso.

Aquele que me trouxesse
calma, a suprema felicidade,
me trouxesse tranquilidade
me mostrasse a perfeição.

Suprema exigência, a minha,
sei que pensa você.
Como pode desejar tanto?
Você se pergunta incrédula.

Surpreenda-se e acredite,
encontrei este sorriso perfeito.
Não é possível que exista?
Sorria, então, diante do espelho.

Foto: http://www.lourilandia.com.sapo.pt

Estar com você


Estar com você

Eu só queria estar com você!
Tantos compromissos,
Agenda tomada,
São tantos contatos, encontros,
intermináveis reuniões.
Tanta responsabilidade,
Tão pouca liberdade...
Saudades de você.
Fechar aquele negócio,
visitar tantos clientes,
testar aquela amostra,
fazer aquele pedido.
Não adianta...
O que estou fazendo aqui?
Eu só queria estar com você.
Jogar fora a gravata
e estar só com você...
Sempre...

Foto: http://www.thiagopinheiro.blogger.com.br

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Olga Savary


Quero apenas
(Olga Savary)


Além de mim, quero apenas
essa tranquilidade de campos de flores
e este gesto impreciso
recompondo a infância.

Além de mim
- e entre mim e o deserto -
quero apenas silêncio,
cúmplice absoluto do meu verso,
tecendo a teia do vestígio
com cuidado de aranha.

Foto: http://www.parafelicidade.blogspot.com

Certeza



Certeza

Despesso-me das alegrias,
tal qual as flores em final de primavera.
Já não me cabe sorrir impunemente.
Já não adormeço com a mesma facilidade
de tempos atrás.
Agitadas têm sido as travessias de minhas noites,
como se em agitados mares estivesse navegando.
E navegando contra um vento forte e frio,
embora estando em pleno verão.
Imenso oceano, cuja travessia tem se tornado
mais e mais longa,
mais e mais lenta,
cansativa como nunca.

Os dias, também longos,
vêm desacompanhados de cores,
como se fossem antigos filmes em preto-e-branco,
com enredos tão horríveis quanto a minha realidade.
Também deles não faz parte
qualquer tipo de música.
Nem poesia, sequer.
Ruído. É o que permanece,
é o que resta.

Será isto uma espécie de ritual de passagem
entre a vida embebida em sonhos
e a nua, assustadora e decepcionante
vida real?

Momento de me identificar com o vácuo,
com a ausência de tudo.
Tempo de me encontrar com o nada
e com ele, me confraternizar, para selar
a indissolúvel parceria que entre nós
está nascendo.

Cada vez mais distante,
melhor sepultar as ilusões
que me fizeram confundir
sobrevida com felicidade,
átimo de tempo com eternidade.
Dá-me tua mão, tédio.
Conta comigo o tempo que resta.
Caminha comigo e com todos os meus fantasmas.
Simula meu passo trôpego.
Caminha sem destino, como eu.
Dá-me tua mão.

Foto: http://www.crying_angel.blogs.sapo.pt

Eterna namorada


a

Fosse eu um cais,
neste porto tão distante,
e você, barca atracada,
não mais navegarias,
a mim ficarias eternamente ligada.

Fosse eu um sonho,
nesta noite tão calma,
e você, doce sonhadora,
somente despertaria,
na manhã, bem cedo, depois de me sonhar.

Fosse eu distante destino,
nesta estrada tão comprida,
e você, incansável viajante,
cedo ou tarde chegaria,
a mim, destino certo, queiria te acolher.

Fosse eu vida feliz,
repouso de minha amada,
e você, a quem sempre quis,
dona da minha vida,
minha eterna namorada...


Foto: http://www.viagemeturismo.abril.com.br

Te amo sem dizer...


Te amo sem dizer...

Ao contrário de ti, que gosta de luzes,
amo a penumbra, a escuridão.
Nela é doce abandonar o já e
pensar na imensidão.

Ao contrário de ti, que adora agitação,
amo o silêncio, o absoluto calar.
Nele é puro prazer me perder,
me deixar viajar.

Ao contrário de ti, que ama falar,
me calo por completo, não falo.
Assim consigo ouvir o amor,
escutá-lo.

Ao contrário de ti, que diz me amar,
te amo sem dizer, sem contar.
Assim minha alma te abraça,
meu coração te enlaça...
... Nem preciso falar!


Foto: http://www.happy-stiletto.blogspot.com