quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Solidão, vizinha


A solidão e o vazio que a representam
moram parede-e-meia comigo.
Silenciosa, quase não ouço dela sinais de vida.
Ela mal balbucia palavras.
Sequer, como cheguei a imaginar,
arrasta correntes pelo chão.
Mas invade meu peito quando
saudosa de mim.

E doi... Eu garanto!

Companheira preferencialmente noturna,
chega sempre para ficar.
Não faz visitas rápidas, cordiais.
Parece ter afinidades especiais comigo.
Parece adorar minha casa,
minha companhia.

Só não suporta você.
Odeia te ver comigo.
Foge daqui quando estás presente.
Vem!!!



Ilustração:  google images

domingo, 25 de novembro de 2012

Ardem ainda


Ardem as pedras, mesmo distantes,
como se ateado o fogo
ainda agora.

Acentuam sabores de
fomes apenas temporariamente 
saciadas, de gestos imprecisos,
mapas rasgados,
porque vencidos.

Guardam suores de corpos famintos,
de desertos perenes, distâncias
infindáveis,  de prazeres possíveis.

Sacia tua sede.
Ainda é de manhã...




ilustração obtida no Google imagens

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Águas agitadas


O vento que impulsiona as
agitadas águas deste oceano
é o mesmo que desalinha
teus cabelos, o mesmo que,
à noite, arrefece o calor dos dias
deste janeiro, o que varre 
as cidades de suas poeiras e
velhos papéis.
As águas deste oceano, agitadas,
arrastam invisíveis barcos,
para invisíveis portos, em
tão sonhadas novas terras.

Fecha-se assim o ciclo da
tão desejada felicidade...



ilustração obtida no google images

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Quem vai roubar este sonho de mim?


Caminho e nem percebo o caminho.
Nem rostos ou carros ou cães de rua.
Nem caminho: voo, deslizo, escorrego.
Quem vai roubar este sonho de mim?
Piso nuvens perfumadas, iluminadas
nuvens. Sou imenso, imbatível.
Quem vai roubar este sonho de mim?
Distribuo coragem e força e sorrisos.
Nem caminho: deslizo, escorrego, voo.
Asas abertas, alma lavada, sou imenso.
Quem vai roubar este sonho de mim?




ilustração retirada do google images

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Partir


Partir se faz urgente quando,
tão distante o sonho embalado
no calor do horizonte já não
consegue suportar distâncias,
quando a boca seca e não se
pode mais engolir passados.

Partir se faz urgente quando
os teus olhos, embaçados,
não conseguem mais chorar.




ilustração retirada do google images


sábado, 10 de novembro de 2012

Tempestade


Chovia muito quando partistes.

Corre o rio,
caudaloso
depois da tempestade.

Morre meu coração,
depois da tempestade.




ilustração obtida no Google imagens

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Teu cais


Este desejo que
me arrasta e faz
de ti porto distante,
vence mares, tempestades
e aporta
livre em teu cais.

Cuida desta nau,
desta viagem,
acolhe o passageiro
solitário
que desembarca
para ficar!



ilustração obtida na internet

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Ah! Como eu queria...


Queria gritar, de repente, todas
as palavras que não conheço,
deitar minha voz na fonte
perene dos sonhos calados,
viajar os caminhos de pés
tão marcados, sorrir o sorriso
dos que, ingênuos, só sabem
viver. Queria o sonho de ver no 
horizonte, um sol de sentidos,
de luzes e cores que meus
olhos cansados não pudessem
jamais esquecer...



ilustração obtida no blog lixoeluxo.blogspot

domingo, 4 de novembro de 2012

Tua ausência


Compor tristes melodias
no dorso da tua alma,
em manhãs tão frias, tão
calmas. E saber que a tua
ausência ocupa todo o
espaço que meu dia tem.




ilustração retirada do blog whispersintheattic.blogspot

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Pássaros noturnos


É sempre assim
quando a noite chega.
Os pássaros,
aqueles noturnos,
começam a despertar
e na penumbra
buscam árvores
e vidas, 
tristezas e amores
desfeitos,

de que se alimentam.



ilustração obtida no blog olharmacro.blogspot