terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Cida Cotrim

Jardim interior
(Cida Cotrim)

Todos os jardins deviam ser fechados,
com altos muros de um cinza pálido,
onde uma fonte
pudesse cantar
sozinha
entre o vermelho dos cravos.
O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono...
O que mata um jardim é este olhar vazio
de quem por eles passa indiferentemente.


Teu olhar


Teu olhar

É já nesta altura da vida
em que um simples sorriso
recebido
parece nos recompensar
por toda uma existência
que eu, afortunado passageiro
sem destino,
descubro teus olhos
buscando os meus,
por entre esta névoa
do entardecer e
sinto,
plenamente,
toda a alegria,
que é tão simples,
de viver!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Raridade

Raridade

Nem todas as manhãs
a encontram sorrindo.
Diria até, que poucas
conseguem.

Seus sorrisos, afinal,
são mais raros que
as manhãs!

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Ontem

Ontem

Como se fora ontem
já não tenho o que dizer.
Como se fora o passado,
só posso ser recordado.
Com alegria ou dor,
não importa.
Sou ido, passado,
sou ontem...

Presente apenas na
solidão,
na reflexão,
com alegria ou dor.
Não sei...

Já não importa!

Foto: www.cristianribas.arteblog.com.br

Letras


Letras

Guardo os livros cansados
nas enormes prateleiras.
Guardo junto todos os sorrisos
e lágrimas e poesias
que, em mim,
pacientemente plantaram.
Também as flores que
deles brotaram.

E guardo você,
entre tantas palavras
e imagens.


terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Quantas vezes?

Quantas vezes?

Quantas vezes o sol tem que raiar
para que se passe uma vida?
Quantas lágrimas tenho que verter
para que se tenha um oceano?
Quantas vezes devo sorrir para
ser considerado um homem feliz?
Quantas vezes devo dizer que te amo
para que você por mim se apaixone?
Quantas vezes devo mentir para que
se reconheça a minha honestidade?

Quantas vezes devo morrer para
ser considerado um imortal?

Mário Quintana

O Poema
(Mário Quintana)

Um poema como um gole d'água bebido no escuro.
Como um pobre animal palpitando ferido.
Como pequenina moeda de prata perdida para sempre na floresta noturna.
Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa condição de poema.
Triste.
Solitário.
Único.
Ferido de mortal beleza.

Foto: http://br.geocities.com/marlidf/webquest/index_arquivos/quintana6.jpg

Mar de segredos

Mar de segredos

As ondas do mar vêm,
rolam e tocam meus pés.
Guardam segredos
milenares
que testemunharam e
que recusam contar.
Conhecem o segredo
sobre o qual,
tocando meus pés,
permanecem caladas.

Estranhos mistérios
dominam.
E, carinhosamente,
docemente,
acariciam a quem
não podem dizer!

Foto: http:///noignorance.com

Você existiu


Você existiu

Antes que eu adormeça
é preciso que eu me esqueça
que você já existiu.


Sem esta providência
o sono fica pesado
e não há como
sonhar.

Sem esta atitude
a manhã será chuvosa
e o dia longo e
dolorido.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Rotina, rotina...


Rotina , rotina ...

Todos os dias sinto o perfume da saudade,
sinto a dor da ausência,
vejo o sorriso do desprezo.

Todos os dias meço a distância intransponível,
peso a tristeza acumulada,
ouço o grito do silêncio.

Todos os dias penso em você.
E o ciclo reinicia...

Um pouco de sonho


Um pouco de sonho

Quem de sonhar está livre?
Cruel rotina somente,
limitado ao equilíbrio.
Quem de sonhos prescinde,
despreza prazeres iguais?

Heróis, abnegados, escravos
não sentem o gosto de mar.
Realistas.
Sem um pouco de sonho
sequer!

Foto: lh5.google.com/.../A-farid2Bsalemi%5B1%5D.jpg

Meu coração


Meu coração

Hoje fico aqui, te esperando,
em pé,
nem que leve a noite toda.
Meu coração é
incansável...
E muito, muito
teimoso!


terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Pressa


Pressa

Corra!
Você não tem tempo a perder.
É preciso pressa para alcançar
teu destino,vencer todos os teus
concorrentes,
se sobressair.

Atleta da vida,
do teu destino.

Correr!
Vontade de triunfar,
de ser o primeiro.

Ledo engano.
Cruel equívoco.

Vontade de ver o fim
da vida.
Isto sim
O mais rapidamente possível!


Maria Alberta Menéres


Pretexto
(Maria Alberta Menéres)

Por que não cai a noite, de uma vez?
- custa viver a vida assim aos encontrões! -
Já sei de cor os passos que me
cercam,
o silêncio que pede pelas ruas
e o desenho de todos os portões.

Por que não cai a noite, de uma vez?
- irrita-me estas horas penduradas
como frutas maduras que não
tombam.

(E dentro de mim, ninguém vem
desfazer
o novelo das tardes enroladas).

Foto: http://www.topofart.com (Renoir - Duas irmãs)

domingo, 7 de dezembro de 2008

Amor em silêncio


Amor em silêncio

É do silêncio que se faz
nesta manhã
que nasce o clamor
dos meus sentimentos.
É do silêncio que se
esparrama pelo dia,
envolvente e devastador,
que me emociona e
me toca profundamente,
que sinto tua presença.

Aqui, ao meu lado,
silenciosa e bela,
pra que eu te ame, em silêncio,
eternamente...

Foto: http://www.portalartes.com.br

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Doce ilusão


Doce ilusão

Como é doce esta sensação,
esta ilusão de estar vivo.
Depois de ter morrido
tantas vezes,
a cada revés,
tocar o horizonte com
meus dedos é
reconfortante.

E você, que nunca morreu
junto comigo pode, agora,
viver comigo revivido.

Como é doce esta sensação,
esta ilusão de estar vivo.
Mais doce ainda a ilusão,
a sensação de que você
existe!

Foto: http:// www.teclasap.com.br/

Do jeito que eu amo


Do jeito que eu amo

Era uma velha casa,
numa velha rua,
numa velha cidade,
que eu amava.
Gente comum,
pensamentos comuns,
vidas comuns,
que eu amava.
Mesmas conversas,
mesmos assuntos,
mesmos trejeitos,
que eu amava.

Era. Não é mais.
Agora é você,
do jeito que eu amo!!!

Foto: http:// farm3.static.flickr.com

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

É tudo mesmo assim


É tudo mesmo assim

O amor vai, o amor volta !
É tudo mesmo assim...
Alternam-se os sentimentos,
variam-se os momentos,
é tudo mesmo assim...

Sorrisos que viram choro,
querelas viram namoro,
é tudo mesmo assim...
Egos são armas frias,
deixam almas vazias.
É tudo mesmo assim...

Não invada meu espaço,
perdes então meu abraço,
é tudo mesmo assim...
Perdi teu telefone,
mal que não tem nem nome,
mas é tudo mesmo assim...

E de danos e desenganos,
mal entendidos,
errei, erramos.
Como tudo é mesmo assim,
o amor, que amor?

Tudo chegou ao fim !!

Foto: www.imagemnativa.com.br

O que é a vida?


O que é a vida?

O que é a vida?
É esta sucessão de erros, de enganos?
É esta alternância entre o descaso e a solidão?
Ou não é nada disto e eu, exceção,
não encontrei a essência
do que é viver?

O que é a vida?
Acumular riquezas, ostentar orgulho, pura exibição?
É só enriquecer, ter muito poder e triunfar?
Ou não é nada disto e eu, cansado de errar,
não encontrei o jeito certo
de sobreviver?

O que é a vida?
É esta eterna espera, é o que está por vir?
Certeza de felicidade assim que amanhã chegar?
Ou não é nada disto e eu, sempre a sonhar,
não encontrei o tempo certo
de te encontrar?

Foto: http://cache01.stormap.sapo.pt

Desisto


Desisto

Desisto da caminhada,
como se esta fosse
a única opção.
Desisto da madrugada,
como se ela fosse
a grande ilusão.

Desisto de minha amada,
como se ela fosse
apenas emoção...

Pablo Neruda



Tu eras também uma pequena folha
(Pablo Neruda)


Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vaga pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.


quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Velhos ventos


Velhos ventos

Velhos ventos,
são os mesmos que,
invadindo cidades,
as destróem,
quando irados...

Velhos ventos,
tão doces, também acariciam
teus cabelos e,
quentes,
embalam os teus
sonos,
os teus sonhos!!!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Hilda Hilst


Do amor
(Hilda Hilst)

Costuro o infinito sobre o peito
E no entanto sou água fugidia e amarga
E sou crível e antiga como aquilo que vês:
Pedra, frontões no Todo inamovível.
Terrena, me adivinho montanha algumas vezes.
Recente, inumana, inexprimível
Costuro o infinito sobre o peito
Como aqueles que amam.

Foto: http://i3.photobucket.com

Ondas de segredo


Ondas de segredo

As ondas do mar vêm,
rolam e tocam meus pés.
Guardam segredos
milenares
que testemunharam e
que recusam contar.
Conhecem o segredo
sobre o qual,
tocando meus pés,
permanecem caladas.

Estranhos mistérios
dominam.
E, carinhosamente,
docemente,
acariciam a quem
nada podem dizer!

Desarticulado


Desarticulado

Corro em torno de mim mesmo
e desconheço o cenário.
Onde anda aquele mapa
onde eu, dissecado,
na escala adequada,
me encontro explicado e
perfeitamente compreensível?

Onde anda o manual
de consultas que expõe
tão claramente minhas
funções e modo de uso?

Não me deixe simplesmente
aqui jogado, por falta de
informação.
Nem mesmo eu, deste modo,
encontro a solução.

Foto: http://pt.dreamstime.com

domingo, 23 de novembro de 2008

Disfarce


Disfarce

Ando sim pelas sombras
a me esconder.
Acossado pelas luzes
busco na noite o disfarce,
lugar ideal pra viver.
Que outra forma de fugir,
de me esconder da
verdade?
Como expor, mostrar meu rosto
e toda minha tristeza,
depois daquele teu
adeus,
dito em dia tão claro!

Silêncios


Silêncios

Quando entre nós
desabou o silêncio,
o mais absoluto silêncio,
foi com com um ensurdecedor
estrondo.
E o passado inteiro,
esmagado pelo peso
do silêncio,
não resistiu.

Sufocou-se e
morreu!


Foto: http://prof2000.pt

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Rotina


Rotina

acho tanta graça!
esta vida tão louca,
tão desatinada,
tanto a fazer e
tanto não feito.
essa vida, não tem jeito,
não passa!


Foto: http://simplesmenteoutono.blogger.com.br

Pedras


Pedras

Piso nas pedras ao caminhar
por estas antigas ruas.
Pedras desgastadas pelo passar
dos longos anos em que
elas aqui estão.

São de pedra as construções,
as casas que habitei por aqui.
Pedras resistentes, responsáveis
pela solidez desta cidade.

É de pedra teu coração,
resistente como estas paredes.
E eu, desgastado como
este velho piso.


Foto: http://img.olhares.com

Outra vez


Outra vez

Tão fácil
parecia ser
que até duvidei
que faria...
Me concentrei,
foquei,
me esforcei e

errei!


José Inácio Vieira de Melo


Centauro Escarlate
(José Inácio Vieira de Melo)


O teu centauro te espera,
monta em seu dorso
e vê o mundo pelos olhos da esfínge:
és o enigma, não o decifrador.

A gente se enche de calo,
a gente pensa que sabe,
a gente se desespera até,
mas não abre mão de estar aqui.

O teu centauro te espera
e o mundo é tudo o que a gente percebe:
é só sair por aí descobrindo
o que nunca vai ser teu.

E quando for noite alta
e os acordes de uma aquarela
luzirem dentro de teu espírito,
deixa o centauro que habita em ti
galopar, galopar, galopar
e transcender a ti e a tuas explicações.

Há de existir um lugar
onde os teus mistérios possam descansar.


segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Alma lavada


Alma lavada

Gosto de ver o mundo
assim que a chuva passa,
quando tudo parece
renovado, menos eu.

A chuva que parece limpar,
purificar tudo o que vive,
tem, em mim, apenas o
efeito de me fazer encantado,
profundamente admirado.

Quisera poder sentir a
alma banhada e pura
novamente, livre de
todo o peso que ela
carrega, assim seca,
empoeirada, carente
de um bom banho...

Meu coração


Meu coração

Um pedaço de mim partiu,
seguiu viagem,
se foi.
Parte de mim ficou.
Tal qual uma âncora,
não foi.
Nem se moveu.
Sigo assim, rasgado, dividido.
O corpo todo vai,
o coração fica.
Não consegui levá-lo.
Acho que, agora,
definitivamente ele é teu...

Foto: http://segundavida.blogs.sapo.pt

Florbela Espanca


Eu...
(Florbela Espanca)

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... A dolorida...

Sombra da névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou.

Desperta


Desperta

Desperta.
O dia já ganhou cores.
Amanheceu.
Levanta, segue teu dia, tua sina.
Arrasta-o novamente,
como se um corpo inerte, morto,
ele fosse.

Faz o que tens feito há muito.
Refaz teu caminho.
Este pesado corpo que arrastas,
incômodo,
pesa cada dia mais.
Rouba de ti derradeiras energias.
Faz de ti mais uma
vítima.

Levanta teus olhos.
Tente, ao menos, enxergar o caminho.
Caminho que não te leva
a lugar algum.
Desperta!



Contrariedade



Contrariedade


Cantam os pássaros
e você canta com eles.
Dançam os papéis ao vento
e você, feliz, dança com eles.
Sorriem as crianças
e você abre teu largo sorriso
para elas.
Cai a chuva e você
chora.
As lágrimas chovem em teu rosto.
Tudo você segue, corresponde.
Amo você.
E você, apenas pra contrariar,
não me quer!


sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Quero você


Quero você


Tanta sensibilidade,
tanto carinho, verdadeiro
carinho,
em tudo o que escreves.
Inegável tua profunda paixão.
Inquestionável este sincero amor.
Invejável tua persistência.
Desejável, absolutamente desejável:
você.

Mundo novo


Mundo novo

Deposite aqui na minha mão
todas as esperanças que você tem
de que o dia seja pleno de sentimentos.

Descarregue nos meus olhos
todas as suas expectativas de que
o amor seja real,
de que ele, de verdade, exista,
e de que ele seja o responsável
pela existência do universo.

Me abrace forte e me faça ver,
com este simples gesto,
que toda sua fé num mundo
pleno de vida, está escondido e
pulsando dentro de teu coração!


Sonho de um dia sem fim


Sonho de um dia sem fim


Tanta luz, tanto dia,
sorrio, finalmente.
E a grande felicidade,
quem diria, está presente.
O ar inundado de cor,
verdadeiro clima de festa,
não dá pra conter o riso,
afinal é tudo o que resta.

Música, ouço ao fundo,
complemento de tanta alegria.
Pudesse eu decidir,
nunca acabava este sonho,
nunca acabava este dia...


terça-feira, 11 de novembro de 2008

Lya Luft


Canção para um desencontro
(Lya Luft)

Deixa-me errar alguma vez,
porque também sou isso: incerta e dura
e ansiosa de não te perder agora que entrevejo
um horizonte.
Deixa-me errar e me compreende
porque se faço mal é por querer-te
desta maneira tola, e tonta, eternamente
recomeçando a cada dia como num descobrimento
dos teus territórios de carne e sonho, dos teus
desvãos de música ou vôo, teus sotãos e porões
e dessa escadaria de tua alma.

Deixa-me errar mas não me soltes
para que eu não me perca
deste tênue fio de alegria
dos sustos do amor que se repetem
enquanto houver entre nós esta magia.


sábado, 8 de novembro de 2008

Vida


Vida

A vida passa por mim,
tão rápida.
Se faz enorme onda,
num mar tempestuoso.
Me cobre, me envolve, me engole.
Onde está a tona?
Onde está você?

Não consigo respirar.
Um gosto de sal na boca,
ardem os olhos, o coração dispara...

A vida passa por mim,
tão rápida.
E me açoita, me castiga.
Exibe toda sua força
e me afoga.


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Sorriso


Sorriso

Se não valer meu sorriso,
de que jeito posso
encantar você?
Ele é puro, garanto.
Verdadeiro e feliz.
E se ele não valer, eu sei,
desaparecerá, tristonho,
com gosto de fim de sonho...


Sou...


Sou...

Sou a luz,
quando o teu dia amanhece.
Sou tua memória,
quando do teu amor não esqueces.
Sou tua dor,
quando do teu amor te afastas.
Sou teu calor,
quando estar com ele não te basta.

Sou teu lenço,
quando lembras e choras de emoção.
Sou tua vida,
quando teu sorriso te enche de paixão.
Sou teus olhos,
quando, feliz, te sentes assim.
Sou teu amor,
quando tu olhas só para mim.


Foto: http://zizimorais.zip.net

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Te feri


Te feri

Sou tuas mãos.
Desperdicei as flores que colhemos.
As pétalas, ao menos, deveria ter guardado.
E não o fiz.
Me feri nos espinhos
e estas dores são tudo o que me resta.
As dores e um desejo imenso de te levantar,
enxugar tuas lágrimas,
te por em pé e
reiniciar a jornada...

Fortaleza



Fortaleza

Não busque em mim
aquela rocha,
aquela firmeza sobre-humana
que só os super-heróis possuem.
Como você, sou gente.
Padeço das mesmas fraquezas.
Também choro e fico inseguro
toda vez que te imagino
perder...


Foto: http://www.fotoplatform.pl

Agustina Bessa-Luis


Garras dos sentidos
(Agustina Bessa-Luis)

Não quero cantar amores,
amores são passos perdidos,
são frios raios solares,
verdes garras dos sentidos.

São cavalos corredores
com asas de ferro e chumbo,
caídos nas águas fundas,
não quero cantar amores.

Paraísos proibidos,
contentamentos injustos,
feliz adversidade,
amores são passos perdidos.

São demências dos olhares,
alegre festa de pranto,
são furor obediente,
são frios raios solares.

Da má sorte defendidos
os homens de bom juízo
têm nas mãos prodigiosas
verdes garras dos sentidos.

Não quero cantar amores
nem falar dos seus sentidos.


Foto: http://www.imotion.com.br

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Como sempre


Como sempre

O vento batia forte no meu rosto,
mas não me impedia de ver
o caminho.
Olhos cerrados.
A garganta, seca, era pouco
comparada à ausência de tudo,
ao nada,
ao desconforto total.
E eu só!
Como nos velhos tempos!
Como sempre!


Vida, para sempre



Vida, para sempre

Vida que corre célere,
como aquele trem que
te trouxe de tão longe e
que te fez deixar lá
um pedaço de tua alma
sem com isso atinar.

Vida que não perdoa
nenhum pequeno erro,
por menor que seja,
e que, ao contrário de nós,
não vira o rosto para trás,
para lamentar um passado
que ela não tem.

Vida que nos juntou,
nos colocou lado a lado,
para que pudessemos,
nos amando ou
nos machucando,
deixá-la marcada.

Para sempre!


Convivência


Convivência


E no meio do rio tem aquelas pedras,
que não sei se são para enfrentar a correnteza
ou para embelezar ainda mais o cenário.

E por mais que as águas subam e corram,
não importa o volume e velocidade,
as pedras lá permanecem.

E por mais que as pedras lá estejam,
firmes e sólidas,
as águas nunca deixam de correr.


Foto: http://www.1br.biz

domingo, 2 de novembro de 2008

Sem você

Sem você

Já te substituí pelos passeios
das tardes de domingo.
Te troquei pelas viagens solitárias.
O brilho dos teus olhos
deram lugar ao brilho
das noitadas.
Tua presença física, acredito,
esqueci.
Coloquei velhos amigos no teu lugar.
Tua voz, tuas palavras
se foram.
Leio um bom livro no lugar delas.
E quer saber do que mais?

Não suporto mais minha teimosia.
Volte.
Não vivo sem você.