segunda-feira, 27 de junho de 2016

JOSÉ JORGE LETRIA



2  POESIAS  DE  JOSÉ  JORGE  LETRIA  



Acendem-se as luzes de repente
e toda a escrita é iluminada
para receber em festa os fantasmas da desordem.
Um poeta sabe quando há de parar.
A escrita sussurra rente ao coração
as últimas rezas da aflição da noite.
Talvez nasça um livro desse caos.


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Já morri em tantas mortes que não sei
como tenho ainda para aparecer
a mim mesmo com fingimentos
de assombro.





José Jorge Alves Leiria nasceu na cidade de Cascais, em Portugal,
em 08/06/1951 e é jornalista, poeta, dramaturgo e ficcionista.








sábado, 18 de junho de 2016

RENATA CORREIA BOTELHO



Uma a uma, as sílabas do
teu nome, declino-as no jardim
sobre a laje, pedra de silêncio
onde pouso as dores quando a
cabeça só se encaixa na
concha das mãos.

No descampado herdado dos teus braços
jazem letras indispostas em
rouco desassossego.

Não era preciso ter andado tanto; dista apenas
um palmo da palavra à erva daninha.





quinta-feira, 16 de junho de 2016

IRENE LISBOA




NOVA,  NOVA,  NOVA,  NOVA


Não era minha alma que eu queria ter.
Esta alma já feita, com seu toque de sofrimento
e de resignação, sem pureza nem afoiteza.
Queria ter uma alma nova.
Decidida, capaz de tudo ousar.
Nunca esta que tanto conheço, compassiva, torturada de trazer por casa.
A alma que eu queria e devia ter
era uma alma asselvajada, impoluta, nova, nova, nova, nova!!!




Dedico esta poesia a duas mulheres muito especiais na minha vida: Fernanda e Joelma.