sábado, 9 de abril de 2011

Ausência


olho para dentro de mim,
como costumava fazer
e já não faço há décadas
e descubro alguém
assustado,
temeroso, apavorado,
até!

nada, nem um traço
daquele tipo destemido,
atirado, debochado
que costumava ser...

de onde brotaram tantos
medos,
tantas paranóias?

terá sido um processo natural?
terá sido a evolução da vida,
da idade?
ou tem a ver com tua ausência?

eterna ausência!


ilustração: t3.gstatic

9 comentários:

Gisa disse...

Ausências se fazem sentir no que,antes completo, não entende agora a lacuna.
Um grande bj querido amigo

Regina Antunes disse...

Boa noite !!

Adorei ! Perturbador !


Uma linda noite !!

OceanoAzul.Sonhos disse...

A ausência por vezes é marcante na vida das pessoas.
Bonito poema.
Abraço
oa.s

Franco disse...

Oi!
Já visitei várias vezes teu blog,e li várias vezes este poema,sem deixar comentários,mas agora vai um.Um poeta as vezes sente o que escreve,outras vezes,escreve o que sente.
De qualquer forma,creio que a ausência de algo;é solidão,é assim que entendo.E solidão doi muito,(mas depois passa).
Gostei muito da imagem.(que também retrata solidão)
Abraçosss.

Anne M. Moor disse...

Rangel


Este teu poema lindo me lembra do poema Ausência de Sophia de Mello Breyner Andresen.

Esse buscar-nos pode ser doloroso as vezes, mas é um caminho em direção à liberdade e a esperança. Como diz Tertuliano "A esperança é paciência com a lâmpada acessa."

beijo grande e um abraço bem apertado.
Anne

Debora Mota disse...

Poema forte! Quando quem amamos se vai fica dentro de nós um personagem que corrói nossa alma à procura de quem se foi. Por isso tanta fraqueza.

Valéria disse...

Rangel, me pergunto todos os dias: de onde brotam tantos medos, tanta paranóias?
Será o tempo que passa ou será a ausência de alguém?
Os dois, Rangel, acho que os dois!
Poema perturbador, inquietante, reflexivo...
De novo, és conhecedor da alma humana... da almatua!...
Carinhosamente, Valéria

tecas disse...

Olha para dentro de si...
Por vezes à lacunas que não podem ser preenchidas.
A solidão é má conselheira, dá as mãos à ausência.
Poeta Rangel, existe no seu lindo poema uma tristeza perturbadora.
Mas toda a poesia triste é a mais bela.
Bfs.
Abraço amigo

Gell disse...

Lindo esse pensamento teu ! Parabéns !!