domingo, 14 de julho de 2013


Estava aqui, sozinho, calado,
cansado talvez, quando lembrei
de Juan Gelman, que sempre
diz o que eu gostaria de dizer.
Sempre...

Como agora:



Onde estão minhas muralhas?
Onde a paz de meus mortos
semente disseminada na memória
ou planta que calada cresce?
Está em ti?
Não me conheço.
Como conhecer-te?
Com que nome posso te chamar?
Como se chama na verdade a calhandra?
Silêncio és da palavra.
Quando não falo sou em ti.
Tudo o que me digo é silêncio de ti.
Pássaro que não mais voa,
boi que não mais ara,
fogo que não queima,
sol que não caminha pelo céu.
És abrigo que me desnuda em tuas muitas compaixões?
Me faz tremer de ti.
Em ti.
Cego de claridade.
Animal que pasta em tua paciência.


DAVI





ilustração obtida em blog.cancaonova.com




6 comentários:

Pérola disse...

Uma poesia para reler e sentir.

Beijo

Valéria disse...

Meu amigo,
concordo com Pérola, "uma poesia para reler e sentir". Mto há sentir...
Valéria

António Je. Batalha disse...

Estou alegre por encontrar blogs como o seu, ao ler algumas coisas,
reparei que tem aqui um bom blog, feito com carinho,
Posso dizer que gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns,
decerto que virei aqui mais vezes.
Sou António Batalha.
Que lhe deseja muitas felicidade e saúde em toda a sua casa.
PS.Se desejar visite O Peregrino E Servo, e se o desejar
siga, mas só se gostar, eu vou retribuir seguindo também o seu.

Anne M. Moor disse...

Que poema bem lindo... Sabes, em todos estes anos ainda não aprendi a suspirar por escrito! :-)

ADRYANA GONZAGA disse...

Bem vindo ao Arbitrário, também estou aqui, pois gostei muito deste lugar. Lugar de poesia verdadeira. Gostei muito do que li.

ASAS disse...

AS muralhas internas que vemos no eu, no outro, lindo o poema, cheio de sentidos, bjus