sábado, 7 de junho de 2014


JOSÉ EDUARDO AGUALUSA, AUTOR ANGOLANO - BARROCO TROPICAL

Diz Núbia de Matos, a cantora.

"Escrevo para iluminar os corredores da minha alma.
Bartolomeu iria crucificar-me por causa desta frase.
Consigo vê-lo a rir-se. Quando estou com ele até tenho
medo de falar, vigio-me constantemente para não dizer
trivialidades, não empolar as frases. Quero que se dane!
Sou assim mesmo. Além disso é verdade: conheço bem
a luz que dorme em certas palavras, a noite que se esconde
noutras. Há metáforas que deflagram como granadas,
estrofes capazes de abrir clarões à nossa frente. Já me
aconteceu de ter cantado os mesmos versos centenas de
vezes sem os compreender. Então, de repente, num palco
qualquer, o Bozar, em Bruxelas, o Finlândia Hall, em
Helsinque, o Koninklijk Theater Carré, em Amsterdan,
num palco qualquer, aquela mesma canção acende-se e
revela-se, abre-se, como uma porta, para um mundo
de cuja existência nem suspeitava. Quando me sinto
perdida, sento-me e escrevo. Quando estou irremediavelmente
perdida, canto. Canto para me salvar."



ilustração: capa do livro, obtida no Google

4 comentários:

Ateliê Tribo de Judá disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Valéria disse...

"...Quando estou irremediavelmente
perdida, canto. Canto para me salvar. ..."
É assim que faço, pois não sei escrever poemas...
Parabéns pela escolha do texto (desse trecho), mto especial...
Valéria

Graça Pires disse...

Muito belo o texto... Há quem escreva para não morrer...
Beijo.

Zilani Célia disse...

OI RANGEL!
ESCRITOS BONITOS, VALEU LÊ-LOS.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/