quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Manuel Bandeira


Desencanto
(Manuel Bandeira)

Eu faço versos como quem chora
de desalento... De desencanto...
Fecha meu livro, se por agora
não tens motivo nenhum de pranto

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... Remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
assim dos lábios a vida corre
deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.


Foto: http://www.armandonogueira.com.br

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