sexta-feira, 29 de junho de 2018

A ÁRVORE DA SERRA


-- As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
para que eu tenha uma velhice calma!

-- Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs alma nos cedros... No junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh'alma!...

-- Disse e ajoelhou-se, numa rogativa:
"Não mate a árvore, pai, para que eu viva!"
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

caiu aos golpes do machado bronco
o moço triste se abraçou com o tronco
e nunca mais se levantou da terra!


(AUGUSTO  DOS  ANJOS)

4 comentários:

Elvira Carvalho disse...

tão triste.
Abraço

Alfredo Rangel disse...

Realmente, Elvira... Triste. Mas é sempre um alerta...

Ani Braga disse...

Triste e lindo...


Beijos
Ani

Jaime Portela disse...

Quando as árvores morrem, pelo menos uma parte de nós morre também...
Não conheço o poeta, mas gostei muito deste poema, embora trágico.
Obrigado pela partilha.
Bom fim de semana, caro Rangel.
Um abraço.