terça-feira, 28 de abril de 2009

Velho livro

Velho livro

O livro que escrevi , fala das virtudes.
Fala dos carinhos e dos orgulhos,
da história daqueles dias e de
romance. Fala da vida...
Dá o que pensar, faz refletir.
Redação intensa, envolvente,
Fala de vitória... E de força.
Livro denso, absorve totalmente
quem lê, quem o devora.

Passa, porém,longos dias na
memória. Como se a estivesse
ocupando, devorando.
Suas páginas amareladas, no
entanto, acabam sendo esquecidas,
mesmo tendo impressionado tanto.

Como o autor, é mensagem do
passado, texto repetido.
Deixe-o na estante.
Não vale a pena reler!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Escuridão

Escuridão

E este vazio que sinto dentro do peito,
este amargor, assombrosamente vivo,
que faz os dias, a vida parecer inútil, não
vai terminar nunca mais?
Os dias plenos de luz, de um sol tão
implacável, alto verão, tardarão tanto
a voltar que não compensa a espera?
Os velhos fantasmas e sinistras sombras,
minhas fiéis companheiras, hão de me seguir,
de me acompanhar para sempre?
Esponho minh’alma, tristonho,
desisto tão cedo do sonho,
cansado de tanto esperar...

Foto:
http://updateordie.com/files/2008/09/escuridao1.jpg

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Recomeço

Recomeço

Em que ponto da vida se dá
o último recomeço?
Um dia antes da morte?
No momento dela?
Ou não existem possibilidades
de recomeçar e, na verdade,
estamos sempre repetindo
erros?

Novas esperanças,
velhas frustrações.
Sentimentos repetidos
exaustivamente...

E a fé, inabalável,
a certeza da mudança,
trata-nos como uma criança
que vai se queimar.
Outra vez...

terça-feira, 21 de abril de 2009

Socorro!


Socorro!

O calor que brota do chão
neste deserto em que se transformaram
meus dias, afeta meus mais
naturais movimentos, igualando-me
a qualquer destes répteis que piso.

Como o deles, meu raciocínio
torna-se lento e não consigo mais
distinguir os movimentos que,
por todo o dia, ocorrem ao meu redor,
tornando-me presa fácil dos meus temores.

Somente uma inimaginável chuva,
vinda literalmente do céu
prolongaria meus dias, me daria sobrevida.
Sem esta improvável chuva,
meus dias estão contados e
meu amor, por um fio!

domingo, 19 de abril de 2009

Triste


Triste

Segue!
Não pare pra tentar explicar.
Justificado está
a partir da palavra adeus...
Palavras, agora, só te fazem perder seu tempo.
Precioso!
Teu olhar, aquele que eu achava quente,
já pode ser dado a outros amores.
Teu sorriso, a outras alegrias.
O meu tempo?
Acabou.


sexta-feira, 17 de abril de 2009

Meus olhos

Meus olhos

Choram as tardes a ausência do sol
Úmido destas lágrimas o jardim
de casa se comove e se cala.
Por aqui você passou, em tempos mais
simples, quando o mundo era outro.

Foram-se as tardes quentes, exuberantes,
onde teu sorriso se encaixava perfeitamente.
Na tua ausência o mundo mudou.

Até eu, alquebrado, me cansei de te esperar.
E estes meus olhos, inexpressivos e quietos
desistiram até de chorar!

terça-feira, 14 de abril de 2009

Onde estão os heróis?


Onde estão os heróis?

Gritar a plenos pulmões na imensidão desta noite.
Clamar por justiça, por um pouco de lucidez.
Exigir, intransigentemente, que não se derrame mais lágrimas.
Impor uma atmosfera embebida de paz.
Decretar a soberania do amor.

Fazer desta luta um emblema, uma bandeira, um hino,
que ecoe uníssono em todos os pontos cardeais.
Envolver multidões, gente de todas as raças,
a tempo de atingir certeiranente a salvação.
E acordar deste sono agitado, desta insegurança,
desta completa insatisfação...

Ah! Se os heróis realmente existissem!


Ilustração: Internet

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Circo

Circo

Ando pela vida como artista de circo mambembe,
trocando arte por comida, sem grandes perspectivas.
O tempo passa e o circo viaja, diversão barata, acessível,
platéias cada vez menores, interesse se reduzindo.
E vamos envelhecendo: o circo, eu e os meus sonhos!
Não há novas atrações nem números sensacionais.
O circo parece ter perdido a magia e eu,
velho palhaço,
perdi, além do humor, esperanças...

Onde estão aquelas crianças, olhos brilhando,
ar de curiosidade, ingenuidade. A quem vou iludir?
É, o mundo mudou.
Menos eu!

sábado, 11 de abril de 2009

Outono

Outono

De longe vem o som desta canção,
um tanto antiquada, um tanto
melancólica...
Serve, no entanto, como sempre,
para acalentar o sonho, ainda
resistente, insistente, de tempos
ideais...

Abafa esta canção um vento muito
quente, que sopra sem cessar.

É vento de outono, seco, teimoso,
assustador, que coloca em risco
a calma desta noite, o brilho do
luar e, novamente, os tempos ideais...


quarta-feira, 8 de abril de 2009

Delicada

Delicada

Pétalas tão delicadas,
pálidas até.
Sensíveis, tão finas.
Parece que não resistirão à próxima brisa...

Flor perfumada.
Tão doce seu perfume, quando com atenção tratada...

Plantada em cada coração,
exige que percebamos que pede todos os cuidados do mundo
para que não se apague,
seque,
murche.

De que espécie esta flor?
Não falo de flor,
falo da vida.


Foto: www.ideotario.com/blog2007_flor46.jpg

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Realidade


Realidade

Por que insiste este tempo,
em rastejar tão lentamente?
Por que não pode, como a vida,
passar mais depressa e revelar
cruamente a dura realidade?

Parece que ao se deter neste
momento de aparente paz,
quer me dar a impressão de
que tudo é tão puro e calmo
e que o mundo é doce equilíbrio.

Mal sabe ele que a vida já me
mostrou a realidade e que,
assim, perdi toda a confiança
no tempo que insiste em
rastejar.

Ilustração: Internet

sábado, 4 de abril de 2009

Nuvens

Nuvens

As nuvens, como a vida, se formam lentamente
e ganham contornos próprios, únicos,
como cada um de nós.
Como a vida, não permanecem estáticas.
Ao contrário, vivas, viajam sempre,
ganhando novos desenhos a cada vento.

São calmas, claras e elegantes quando os
bons ventos as carregam em céu azul.
Parecem não ter pressa e se acomodam ao
se entregarem aos carinhos dos ventos mansos.

Agitadas quando os ventos irrascíveis as
envolvem e, até com violência, as conduzem.
Não parecem confortáveis ao vendaval.
Rapidamente se transformam, se modificam,
reagem.

Sucumbem quando escuras, se transformam
em chuva.
Em chuvas que caem e tudo molham.
E molham meu rosto, outra vez, carinhosas!


sexta-feira, 3 de abril de 2009

Como um espelho


Como um espelho

Nem todos os meus gritos são de pavor.
Nem todos os meus sorrisos são de satisfação.
A par de ser um tanto estranho, sou, muitas vezes,
incompreensível.

Meus gritos, podem até ser de alegria.
Já os sorrisos, aqueles que observando bem verás
que são um tanto nervosos, são, como na
maioria das vezes,apenas disfarces, fingimento,
mentiras...

Difícil compreender alguém assim, como um espelho,
refletindo tudo sempre ao contrário.

Mas foi a vida que me fez assim.
Foi a vida que me encheu de manias e de
esquisitisses que, quase sempre, nem eu consigo
compreender.

Pense bem, portanto, quando digo que não te quero !

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Sonhar, sempre...


Sonhar, sempre...

Vagar por teus olhos, por noites escuras,
praias desertas, um frio de cortar...
Subir por tua boca, escalar tua voz,
me perder no deserto, não desanimar...
Sofrer por tuas mãos, dedicar-te
um sonho em rara noite de paz...
Morrer por tua alma, eternamente,
docemente, definitivamente...
Arrastá-la aos meus pés,
ser imortal...