sexta-feira, 29 de abril de 2011

Infinita!

Grita a saudade,
fere,
preenche todos os
espaços,
todos os vazios.


Que são muitos;
infinitos...


Ilustração: Paul Gouguin - t3.gstatic

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Olhos!


Traga, nos teus olhos, todas as
tuas procuras.
Traga teus anseios
e receios
e todo este desejo feroz.
Não convém,
nunca convém,
esconder pedaços de vida,
olhares dispersos,
desenganos...

Traga nos teus olhos todas
as horas vividas,
toda a tua alma
e grita os teus segredos.

Só assim eles confrontarão
as angústias dos meus!



Ilustração: t3.gstatic

sábado, 16 de abril de 2011

Navegante



Exílio voluntário, navego
em noites tenebrosas, turbulentas,
buscando portos,
fugindo de vidas passadas.
Olho para estas velas
armadas, tão brancas,
como se delas dependesse
esta fuga,
o nunca retornar
E, sempre assim,
cercado de negros oceanos,
na minha solidão,
sei que nunca ando só!

Ilustração: Reflexos, 1921, Alberto Carneiro (1872-1930)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Madrugadas


Como pesam meus olhos
depois de tanta madrugada
consumida.
Como se esta busca fosse
tudo o que me desgasta,
toda minha ferida.
Como pesa esta ausência,
falta de cor e de alma.
E como em tantas madrugadas,
procurar nem sequer me acalma!
Ilustração: t2.gstatic

terça-feira, 12 de abril de 2011

Ocultos


Desfilam pela noite,
um tanto envergonhados,
estranhos casos de
amor.
Antigos, arcaicos.
Irrepreensíveis exemplos de
sentimentos ultrapassados.
Amor do tipo em que
cúmplices eram os pares.
Amigos sinceros
e sensíveis...
Convém que casos assim,
ainda remanescentes,
para que se evitem epidemias,
permaneçam ocultos.
Na profundez da noite...
Ilustração: t0.gstatic

domingo, 10 de abril de 2011

Velhos papéis

Velhas gavetas,
velhas lembranças...
Mais que amarelados papéis,
vida que já foi colorida,
vida passada!

Lágrimas, sorrisos, sonhos,
que o tempo foi destruindo.
Encerrados, mortos...
...passado.

Quem ainda há de lembrar,
quem sentirá,
na pele,
alegrias, tristezas,
memórias?

Velhos papéis,
velhas vidas!

Ilustração: t1.gstatic

sábado, 9 de abril de 2011

Ausência


olho para dentro de mim,
como costumava fazer
e já não faço há décadas
e descubro alguém
assustado,
temeroso, apavorado,
até!

nada, nem um traço
daquele tipo destemido,
atirado, debochado
que costumava ser...

de onde brotaram tantos
medos,
tantas paranóias?

terá sido um processo natural?
terá sido a evolução da vida,
da idade?
ou tem a ver com tua ausência?

eterna ausência!


ilustração: t3.gstatic

domingo, 3 de abril de 2011

Rios e sombras

São rios que atravessam
o deserto de tua vida
os amores que te despedaçam
e que te fazem viver.

Sombras sob sol inclemente
que te tolhem a visão
e que te escondem
o caminho.

Não vives sem que te molhes
naqueles rios
sem que, cego,
te percas na estrada.

É a canção da vida!


Ilustração: t3.gstatic