sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Insistência


Queria acreditar na verdade daquele céu,
na pureza daquela brisa,
nos segredos daquela lua.
Mas o cansaço da caminhada,
a falta daquela sombra,
o gesto do dissabor,
acordaram-me daquele sonho.
Voltei a caminhar.
Cansado!



Ilustração: gstatic

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

De novo, os vendavais...


Não me atrevo a desafiar
os ventos.
Sou tão fraco diante deles.
Vendavais são
inconstantes, irracionais,
implacáveis...
Não importam as belezas de
tua alma.
Te arrastam até que
tuas fraquezas gritem.
E as minhas gritam tão alto!

Não me atrevo a desafiar
os ventos.
Prefiro o teu abrigo!


Ilustração: gstatic

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Apenas!


Ser nada mais que lembrança
e fel,
saudades e lágrimas.
Traços lentamente esquecidos,
timbre de voz e
olhar perdidos.

Ser apenas o dia de ontem,
vento que se foi,
manhã enegrecida.
O gosto de ter sido...

Apenas!



Ilustração: gstatic

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Devaneio


Sentava-se ali, ao sol,
mal este despontava
e deixava que o dia
escorresse por suas mãos,
por seus olhos,
por sua alma.
Parecia fazer parte da natureza
à sua volta.
Sua voz,
tal qual o silêncio,
ecoava mais do que
se gritasse.
Seu olhar,
fixo no passado,
já não brilhava mais.

A vida, como o vento,
estava já muito longe...




Ilustração: gstatic

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Memória


Uma velha casa não pode guardar
todas as vidas que por ela
passaram.
Ela tem de respirar o presente.
Ficam somente,
na alma de cada velha casa,
as memórias daqueles que,
dispersos,
deixaram nela suas vidas
e perderam nela suas
esperanças...


Ilustração: gstatic

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Vendavais


Os ventos nunca foram
tão fortes.
Nem tão quentes.
Furiosos.
Exigem que as árvores se dobrem,
que os raios e trovões se irritem,
que os homens temam...

Que agradeçam aos
céus quando,
satisfeitos,
os ventos decidam
dormir...




Ilustração: gstatic

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Velho baú




Ainda existem baús, acredite.
Daqueles de tampa côncava,
fecho com um grande cadeado,
cara de velho,
fora de uso.
Poucos se lembram dele.
Quase ninguém.
Além dela,
só eu.
E foi ela quem, de repente,
me enviou a chave.
Chave tão antiga quanto o baú.
E foi a chave que me revelou
toda a alegria que,
escondida naquele baú
por tanto tempo, explodiu nos meus olhos.
E quase me cega de felicidade.
Quase me cega como o sol,
quente e aconchegante.

Como ela!



Ilustração: base64