sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Devaneio


Sentava-se ali ao sol,
mal este despontava
e deixava que o dia
escorresse por suas mãos,
por seus olhos,
pelo resto de sua alma.
Parecia fazer parte da
natureza à sua volta.
Sua voz,
tal qual o silêncio absoluto,
ecoava mais do que
se gritasse.
Seu olhar,
fixo no passado,
já não brilhava mais.
A vida, como o vento,
estava muito longe...


Ilustração: unpuntodereflexion

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Herança


Este é o velho trem
que no passado levava,
sempre,
muitos sonhos,
muita esperança,
muitas desilusões.

Espalhava sentimentos
enquanto engolia trilhos.

Deixou herdeiros quando
parou definitivamente de
rodar.
Do seu testamento recebi,
sozinho,
todas as desilusões!




Ilustração: blogdofavre

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Yamicela Torres Santana


Yamicela Torres Santana

Alguien deberia existir
detras de las promesas
de las palabras que son arrastradas
hasta por la más leve brisa


Ilustração: google

sábado, 18 de dezembro de 2010

Como antes...


Me esquivo das perguntas
sem respostas,
dos dias de sol, sem calor,
das noites sem lua,
sem amor...
Desvio dos amigos,
tão comuns,
da vida, também tão comum,
como o pensamento foge
da paz.
Sempre!
Evito os sonhos, os mais deslumbrantes
e volto sempre ao começo.
Volto a ser como antes...


Ilustração: t3.gstatic

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Desencontro


Marquei um desencontro
com a vida,
sem horário ou local
pré-determinados.
E este desencontro tem
acontecido insistentemente.
Em todos os momentos e
em qualquer lugar.

Presentes: minha alma vazia,
tua ausência
e mais ninguém...

Ilustração: paco-alcandete

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Vencedora poesia


Tente debochar de um poema.
Tente menosprezá-lo.
Achincalhe-o!
Zombe de seus mais lindos momentos.
Ria de suas mais encantadoras palavras.

Apenas sorria quando perceber
que o poema, em troca,
te deu emoção.
Sinta o que
é um poema.
Um verdadeiro poema.

Um imbatível soldado
de uma impossível guerra.


Ilustração: norastrodapoesia

sábado, 11 de dezembro de 2010


É quando a noite chega,
envolvida num denso e doce
silêncio,
que meu peito explode.
E parece em mil partes dividir-se.
Não há surpresas.
Não há tocaias.
É dor anunciada, crime
premeditado.

E tua ausência assume, assim,
ares de criminosa.


Ilustração: celas.jpg

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Velho porto!


Passam pela memória, de repente,
todas aquelas tardes de sol,
vividas à beira daquele oceano,
quando os oceanos ainda eram mistérios.
E a sombra, o cheiro daquele velho porto,
o calor daquele vento,
surgem, reais, como se pudessem
ser tocados.

Não há sentimento de culpa
por tanta vida desperdiçada.
E aquelas ondas, verdes como teus olhos,
ainda inundam os meus olhos cansados.
E o tempo, que volta assim,
poderia nunca ter passado!


ilustração: retratoserelatos

domingo, 5 de dezembro de 2010

Dia-a-dia


o dia passa silencioso, modorrento.
talvez o calor, o nada pra fazer
ou a combinação disto com a preguiça.
sensação desconfortável de tempo perdido.
o corpo aqui, abandonado, descansa.
ou se consola imaginando isto.

é como a vida tem sido. imaginação.
o tempo passando preguiçoso, arrastado.
pequenas e grandes ilusões.
com certeza, nau à deriva...




ilustração: fickr

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Alerta!


Não há novo amor
quando o coração desaprende,
quando os olhos, pesados,
não encontram a luz,
sequer.
A inocência cresceu,
se fez gente.

Não há vida
para os condenados,
nos cárceres criados,
imaginados, talvez.

Não há mais os sorrisos
que o tempo desfez...



Ilustração: poeresias