terça-feira, 31 de agosto de 2010

Reviravolta


Não há como impedir o reboliço
que este vento traz,
nem manter teus cabelos
alinhados.
Mas é de reviravoltas e agitação
que este amor sobrevive.
Terrível a bonança,
que mantém tudo em seus lugares,
teus cabelos assentados
e este amor tão frio!


Ilustração: 2.bp

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Caminhos

Distâncias desperdiçadamente percorridas.
Sorrisos travestidos de verdade.
Olhares diluídos no nada.
Passar da vida.
Restam vazios,
sobram migalhas.
E a cara feia da realidade
dói na alma, como a fome.

Inevitável caminhar.
Como em rio pedregoso,
que muito bate...
Apanhar, pra chegar...

Ilustração: deviantart


terça-feira, 24 de agosto de 2010

Restos


Pelo que resta da janela
surge o sol, escaldante,
impiedoso.
Ou o que dele resta.
Arde na pele esta saudade,
esta ausência de desejar.
Ou o que dela resta.
Pelo que resta dos meus olhos
sinto tua presença,
completa.
Vejo tuas mãos,
meigas.

Ou o que delas restam...

Ilustração: espaçoaberto

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Fortes ventos


Quando os ventos são de
lembranças,
quentes ou frias,
soprando sem piedade,
é tempo de saber
que a morte
não tarda por esperar.

Quando os ventos vêm
daqueles tempos,
daqueles momentos,
é tempo de
esquecer...


Ilustração: 2bp

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quisera


A casa era antiga,
daquelas de pé direito alto,
grandes janelas,
enormes e grossas portas,
do tempo dos quintais.

Lugar aprazível
onde os pássaros,
passantes,
sempre faziam pouso.

Lugar onde a lua,
tão volúvel,
se apaixonou certa vez
e lá fez morada,
como eu quisera ter feito.

Casa antiga, amor antigo.
Como já não se fazem mais...


Ilustração: google

sábado, 14 de agosto de 2010

Nada


Que mais devo deixar-te
além desta sombra de
sorriso,
das palavras vazias que sempre
te dei
e dos dias tão longos
que nunca dividimos?

Que mais devo levar
além de tua voz até já
esquecida,
teu abraço que há muito se
calou
e os momentos tão longos
que nunca dividimos?


Ilustração: mahadjor.blogs

domingo, 8 de agosto de 2010

Destino


talvez eu devesse mesmo fazer esta
viagem.
virar a noite nela.
chegar docemente ao destino,
estação não tão distante,
não tão amarga.
talvez eu devesse mesmo fazer esta
viagem.
virar a vida nela.
estação já tão próxima,
vida tão valiosa,
tão delicada.
não tão amarga.

Ilustração: 1.bp

domingo, 1 de agosto de 2010

Um dia


O sol invade a sala,
de repente,
e nos faz incômodos.
Ruído das ruas,
vida normal,
o que nos faz comuns.
O relógio, inquieto,
não consegue nos evitar e,
constante,
marca pobre rotina.
Rola a vida,
assim,
sem jeito, sem novas...
O que nos faz,
simples mortais.


Ilustração: 2p