segunda-feira, 18 de julho de 2016

Manhãs





Manhãs, seguidas de vida,
inclementes previsões
de identidade,
verso e reverso de ser.

Manhãs de ventos tão
frios,
de verdades cotidianas,
formatos de sonhos:
eternidades...

Manhãs teimosas,
seguidas de vida...





quinta-feira, 7 de julho de 2016

HENRI MICHAUX



LEVAI-ME


Levai-me numa caravela,
numa antiga e amena caravela,
na proa, ou se quiserem, na espuma
e abandonai-me, lá longe, longe.

Na união a um outro tempo,
no veludo ilusório da neve,
no bafo de alguns cães à volta,
na extenuada turba das folhas mortas.

Levai-me sem me quebrar, nos beijos,
nos feitos que se solevam e respiram,
nos tapetes das palmas das mãos, no sorriso,
nas renques das articulações e dos ossos longos.

Levai-me, ou antes, ocultai-me.