sábado, 26 de dezembro de 2015

ADRIANA VERSIANI



Sinto falta de você que não existe.
Dedico esses versos a você que não existe.
Invento uma história para você que não existe.
Bebo, como, danço, sofro por você que não existe.
Mordo a boca, molho os lábios, tremo, enquanto
sonho
com você que não existe.




quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Enganos



dias e dias e
dias, constantes,
teimosos, sem
valores, que nada
comportam...
que não se comportam!!!






segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Meu orgulho




Sempre te procurava com
o olhar quando combinávamos
um encontro...
Orgulhava-me destes
teus olhos
sempre que te encontrava!



domingo, 13 de dezembro de 2015

Ana Cristina Cesar - Uma lembrança (sempre)



olho muito tempo o corpo de um poema
até perder de vista o que não seja corpo
e sentir separado dentre os dentes
um filete de sangue
nas gengívas

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Galveias - Livro de José Luís Peixoto



Somente agora editado no Brasil, recomendo a leitura de "Galveias", mais uma excelente obra de José Luís Peixoto. Narra ele nesta obra estórias ocorridas em sua cidade natal, Galveias, que dá nome ao excelente livro, editado pela Companhia das Letras.
Destaco um trecho logo no início do romance que, certamente, mostra o extraordinário autor que admiro tanto".

GALVEIAS


"Ao longo das ruas desertas, os candeeiros entornavam cones de luz amarela, luz fosca, engrolada. Passavam minutos e quase podia haver silêncio, mas os cães não deixavam. Ladravam à vez, de uma ponta da vila à outra. Cães novos, sozinhos em quintais, a gritarem latidos que terminavam em uivos; ou rafeiros moribundos de sarna, encostados ao lado de fora de um muro e a levantarem a cabeça apenas para lamentar a noite, revoltados e fracos. Se alguém estivesse a prestar atenção àquela conversa, talvez enquanto adormecia entre lençóis de flanela, seria capaz de distinguir a voz de cães maiores e mais pequenos, cães ariscos, nervosos, estridentes ou de voz grossa, gutural, animais pesados como bois. E um cão lá longe, a ladrar sem pressa, o som do seu discurso alterado pela distância, erosão invisível; e um cão aqui perto, demasiado perto, a raiva do bicho quase a levantar uma espertina no peito; mas depois um cão noutra ponta da vila e outro noutra e outro noutra, cães infinitos, como se desenhassem um mapa de Galveias e, ao mesmo tempo, assegurassem a continuação da vida, e desse jeito, oferecessem a segurança que faz falta para se adormecer."

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Só você!



É na minha cara
que batem, com a
violência de um mundo,
tuas palavras mais duras.
E é na minha boca que
chegam, sem
máscaras ou amargor,
tuas mais puras emoções.

Só você, mesmo, sabe dosar
minha vida...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Frutos secos



são sempre tão secos
os frutos daquela terra,
como se de terra fossem
feitos.
e tão amargos, também,
que melhor seria
recusá-los.
recusar a insistência
de quem lhes
oferecia.
nem todas as ofertas,
certamente,
são feitas com prazer...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Realidades



Passeiam por essas ruas
todos os tipos de medos.
Também de orgulhos
e de covardias solenes.
Do amanhecer à hora incerta
dos  bruxos e dos magos.

Tristes passarelas onde os sorrisos,
mesmo quando sinceros,
escondem tantas derrotas,
tanta humilhação...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Sem sonhos



Não podem incomodar
a noite. Não
podem prender a atenção.
Não devem ser levados
a sério.
São a pior parte de mim.
Não podem se eternizar.
Voláteis, deveriam, para sempre
evaporarem-se.
Meus sonhos são tão
poucos.
Deveriam ser nada!