quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Há quem me queira poesia - JORGE WILLIAN




"Mas quero que este canto torto
feito faca
corte a carne de vocês"
PALO SECO - BELCHIOR


Há quem me queira poesia
doce, suave, intocável.
Mas somos todos,
todos, inclusive os intocáveis,
somos todos poesias.
Como o canto torto
como faca nordestina
também corto carnes
firo corações
rasgo falas
furo paredes
decepo sutilezas
despedaço suavidades
penetro doces.
Há quem me queira poesia
outra poesia. não a que sou,
Há quem não me queira poesia.


ilustração: hodarifotoblog.com


4 comentários:

Zilani Célia disse...

OI ALFREDO!
SOMOS TODOS POESIAS, MUITAS VEZES DOCES, OUTRAS NEM TANTO, MAS SEMPRE POESIAS.
MUITO LINDA, UMA ESCOLHA MARAVILHOSA.
ABRÇS
-http://zilanicelia.blogspot.com.br/

Graça Pires disse...

Rasgar falas é ser poesia. Não a que esperam de nós, mas aquela que o nosso coração reclama...
Um beijo, amigo.

Olinda Melo disse...


Somos feitos de muitas peças, realmente,
que ora se encaixam bem na doçura e ora
na rebeldia.
Uma forma maravilhosamente
poética de nos definir.

Abraço
Olinda

Valéria disse...

Rangel,
difícil comentar.
Como sempre excelente escolha.
Toda moeda tem dois lados...
e nem sempre somos poesia doce.
Abraços
Valéria