Escrevo, ou tento,
o que resta.
Talvez um fim de festa...
Ou pior,
um nunca ser qualquer festa,
um gritar
para tudo se acabar.
Debulho lágrimas, semi-sorrisos,
muxoxo,
me acho pouco e fácil,
comum, insosso!
"Prêt-à-portêr" de liquidação",
usado, sem garantia,
à venda em qualquer esquina
do pior canto da
cidade,
artigo sem necessidade,
sou eu,
figurinha carimbada,
um tanto amassada,
só,
por ter amado de verdade!
A. C. Rangel
A. C. Rangel
8 comentários:
Muitíssimo interessante esta "Muamba"!A princípio pensei naquela muamba comestível, gostosa, mas não, não pode ser isso... então é feitiço. Só pode ser. Com estes ingredientes tão bem gizados, um poema assim que me faz sentir vontade de ler e reler.
Abraço
Olinda
Rangel, seus poemas me encantam...
me tocam a alma.
Valéria
Você, Alfredo, não tenta, escreve mesmo e muito bem.
Suas palavras não são contrabandeadas, bem pelo contrário, são de extrema qualidade, "artigo fino" e podem degustar-se como se faz com o prato angolano, que nunca comi, do mesmo nome.
Depois de ter amado, tão verdadeiramente, e se as "coisas" não deram certo ou não foram correspondidas, do mesmo jeito, "compreendo" e muito bem, essa sua poesia dolorida e sentida.
Você, liricamente, pode ser tudo, meu querido amigo, mas "liquidação", ah, isso não!
Bom final de semana.
Abraço.
CÉU
Só poderias ter este nome: CÉU, mesmo sabendo que tens outro. És muito gentil e fazes sentir-me como se fosse mesmo um poeta. Saiba que fizeste-me conhecera poesia de José Régio, tão bem declamada por Bethania. Amo a poesia portuguesa e ter você no meu blog só me faz me sentir honrado.
Obrigado, Céu.
Agradeço, Alfredo sua gentileza, do mais fino traço. De facto, o meu nome verdadeiro não é Céu. Foi o pseudónimo que escolhi para escrever.
Não posso fazê-lo sentir poeta, porque você já o é desde que nasceu.
Fico feliz por ter passado pelo meu blog, ter escutado Bethânia recitando José Régio, mas... gostaria tanto de uma palavrinha sua, lá. Pode ser? Prometo que não o maçarei muito, porque posto uma ou duas vezes, por mês.
Um abraço cordial.
que belo poema :) mesmo belo mas não nos sintamos tristes por ter amado de verdade mas sim curiosos e alegres por sermos capazes de um sentimento tão belo e tão necessário.
Olá, Alfredo, estimado amigo!
Agradeço a visita, tal como o comentário de sua amada mulher, que para mim foi como se fosse seu o comentário.
As mulheres são diferentes dos homens, assim o entendeu Deus e começou logo por Eva. Somos, efetivamente, desse jeito: atuantes.
Dias felizes e luminosos.
Acreditamos no amor por ser infinito o advento dos nossos sonhos...
Gostei desta "muamba" para os sentidos.
Um beijo.
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