quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Muamba




Escrevo, ou tento,
o que resta.
Talvez um fim de festa...
Ou pior,
um nunca ser qualquer festa,
um gritar
para tudo se acabar.

Debulho lágrimas, semi-sorrisos,
muxoxo,
me acho pouco e fácil,
comum, insosso!
"Prêt-à-portêr" de liquidação",
usado, sem garantia,
à venda em qualquer esquina
do pior canto da
cidade, 
artigo sem necessidade,
sou eu,
figurinha carimbada,
um tanto amassada,
só,
por ter amado de verdade!


A. C. Rangel




8 comentários:

Olinda Melo disse...


Muitíssimo interessante esta "Muamba"!A princípio pensei naquela muamba comestível, gostosa, mas não, não pode ser isso... então é feitiço. Só pode ser. Com estes ingredientes tão bem gizados, um poema assim que me faz sentir vontade de ler e reler.

Abraço

Olinda

Valéria disse...

Rangel, seus poemas me encantam...
me tocam a alma.
Valéria

CÉU disse...

Você, Alfredo, não tenta, escreve mesmo e muito bem.
Suas palavras não são contrabandeadas, bem pelo contrário, são de extrema qualidade, "artigo fino" e podem degustar-se como se faz com o prato angolano, que nunca comi, do mesmo nome.

Depois de ter amado, tão verdadeiramente, e se as "coisas" não deram certo ou não foram correspondidas, do mesmo jeito, "compreendo" e muito bem, essa sua poesia dolorida e sentida.

Você, liricamente, pode ser tudo, meu querido amigo, mas "liquidação", ah, isso não!

Bom final de semana.

Abraço.

Alfredo Rangel disse...

CÉU
Só poderias ter este nome: CÉU, mesmo sabendo que tens outro. És muito gentil e fazes sentir-me como se fosse mesmo um poeta. Saiba que fizeste-me conhecera poesia de José Régio, tão bem declamada por Bethania. Amo a poesia portuguesa e ter você no meu blog só me faz me sentir honrado.
Obrigado, Céu.

CÉU disse...

Agradeço, Alfredo sua gentileza, do mais fino traço. De facto, o meu nome verdadeiro não é Céu. Foi o pseudónimo que escolhi para escrever.
Não posso fazê-lo sentir poeta, porque você já o é desde que nasceu.

Fico feliz por ter passado pelo meu blog, ter escutado Bethânia recitando José Régio, mas... gostaria tanto de uma palavrinha sua, lá. Pode ser? Prometo que não o maçarei muito, porque posto uma ou duas vezes, por mês.

Um abraço cordial.

Diana Machado disse...

que belo poema :) mesmo belo mas não nos sintamos tristes por ter amado de verdade mas sim curiosos e alegres por sermos capazes de um sentimento tão belo e tão necessário.

CÉU disse...

Olá, Alfredo, estimado amigo!

Agradeço a visita, tal como o comentário de sua amada mulher, que para mim foi como se fosse seu o comentário.
As mulheres são diferentes dos homens, assim o entendeu Deus e começou logo por Eva. Somos, efetivamente, desse jeito: atuantes.

Dias felizes e luminosos.

Graça Pires disse...

Acreditamos no amor por ser infinito o advento dos nossos sonhos...
Gostei desta "muamba" para os sentidos.
Um beijo.