quinta-feira, 31 de agosto de 2017

FERNANDO JORGE FABIÃO



"SE A MORTE FOSSE UMA CASA BRANCA"



Se a morte fosse uma casa branca
e eu tivesse uma palavra breve e obscura.
Se a morte fosse um sono tão leve
que o murmúrio do vento a deixasse enlouquecida.
Se a morte fosse o instante entre o ir e voltar
uma pedra redonda e frágil atirada ao sono
do mundo.
Reunia os meus mortos, falava-lhes da sombra
que habita nas coisas
das malvas rodeando o poço.
Talvez a música do vento nos salgueiros
ou a canção das abelhas ardesse
intacta por dentro das palavras.



3 comentários:

CÉU disse...

Transformar a morte, que é algo temido por todos nós, numa casa branca e luminosa, onde a natureza cantasse, seria excelente. Um belíssimo poema, repleto de alegria e esperança. Quem sabe um dia, Alfredo?

Uma maravilhosa sexta-feira e um divinal fim de semana.

Beijo com amizade, já antiga!

Graça Pires disse...

"Se a morte fosse o instante entre o ir e voltar
uma pedra redonda e frágil atirada ao sono
do mundo."
Maravilhoso poema de Fernando Jorge Fabião. Obrigada, meu Amigo, pela partilha.
Um beijo.

Rosemildo Sales Furtado disse...

Olá Rangel! Acredito que, em alguns casos, talvez a morte seja bem melhor do que uma casa branca, principalmente, para aqueles que sofrem sobre uma cama. Lindo poema! Ótima escolha!

Fiquei feliz com a tua visita e amável comentário deixado no nosso humilde espaço. Espero que voltes mais vezes, pois será sempre um prazer renovado.

Abraços e uma ótimo final de semana para ti e para os teus.

Furtado