quarta-feira, 27 de abril de 2016

2 POEMAS DE ARMANDO ARTUR - POETA MOÇAMBICANO



URGÊNCIA


É urgente inventar novos atalhos.

Acender novos archotes
e descobrir novos horizontes.
É urgente quebrar o silêncio,
abrir fendas no tempo
e, passo a passo, habitar outras noites
coalhadas de pirilampos.

É urgente içar novos versos,
escalar novas metáforas
recalcadas pela angústia.
É urgente partir sem medo
e sem demora.

Para onde nascem sonhos,
buscar novas artes de
esculpir a vida.



OS  FAZEDORES  DE  PROMESSAS


Como destilar verdades
nestas palavras com odor de mofo?
Até eu poderia emprestar-lhes um ar de sândalo
não fosse a febre noturna dos búzios.
Há muito que os fazedores de promessas
emigraram sem que ninguém os lembrasse
dos gestos obscenos deixados para trás.
Quantos sonhos cabem numa palavra?
Quantos sonhos cabem numa cabaça?
Diziam-me que o mundo era uma pertença de todos.
E enganaram-me quando não acreditei.
Pois as palavras já não enchem a panela de barro.
Só o inverno sabe o quão é difícil
suportar as folhas caídas nas estepes.
Mas nenhuma ausência os entristece?
Nem mesmo a dor que os alucina.




2 comentários:

Graça Pires disse...

É urgente conhecer este autor. Gostei imenso dos poemas. Obrigada pela divulgação, meu amigo.
Beijo.

intervalo disse...

Prazer estar aqui,apreciar estes poemas belo,conhecer novos escritores,adorei,sempre postando maravilhas seja de tua autoria ou de outros com o dom da poesia na alma como você. Desejo-lhe uma linda noite e semana. Um beijo