Naquele vale,
onde as sombras parecem eternas,
o silêncio habita
e se faz constante.
Lá, o sol é tímido,
assustado...
Prevalece o frio do amanhecer
e um vazio igual
ao dos velhos corações.
Há muito que
é lá o meu refúgio...
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e deste mundo
torpe
carrego sorrisos falsos,
finas ironias e
apuradas grosserias.
tenho aprendido
truques e
diferentes disfarces
que me tornam
habitante hábil
desta selva
salva...
... que me deu você!
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Não guardava segredos.
Qualquer que fosse.
Revelava-os
com aquele prazer
que só as crianças
sentem,
por serem sempre
verdadeiros
seus prazeres!
Não guardava segredos.
Distribuia-os
com um sorriso
de criança
estampado no coração!
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Mil vezes dançamos
a mesma melodia.
Passos suaves,
sincopados,
rostos colados.
Ainda assim,
não aprendi
a te conduzir...
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Só mesmo ventos,
tão fortes,
para expor o que
minha alma,
convulsa,
teima em esconder.
Deliram meus olhos.
Ainda,
irremediavelmente teimoso,
acredito em você...
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Sabia das escolhas que tinha de fazer,
dos mares a navegar,
dos caminhos e rotas a escolher,
singrar.
Os barcos e ventos,
calmarias e tempestades
não saberia prever.
O destino,
este ele queria alcançar,
queria tomar,
dominar.
Valia, tinha certeza,
as lutas e dores e lágrimas e sangue
que tivesse de provar e verter.
Era um homem de fé,
um bravo...
Não deveria ser assim a vida de
um lobo do mar?
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Ali, abandonado ao sol,
inerte,
testemunhando a movimentação
das pessoas,
cegamente apressadas,
cada qual em sua faina.
E os carros,
atrevidos, ruidosos, brilhantes, coloridos,
a disputarem, violentos,
cada centímetro.
E os relógios, velozes,
querendo chegar com tanta pressa
a
lugar nenhum.
Ali, abandonado ao sol,
inerte,
ele sente, sabe, que tudo segue
dentro da normalidade...
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Esconde do tempo as marcas
que ganhaste pelo caminho.
Dissimula todas as lágrimas
que te fizeram companhia.
E sorri para o mundo,
o sorriso que tua alma
não sente...
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De silêncio pode, sempre,
um homem se alimentar.
E deitar sua face
e dormir reconfortado.
Da brandura do silêncio
se tiram muitas lições,
muitos saberes.
Da doçura do silêncio
que você repentinamente
deixou, tiro a força para
sobreviver tua ausência...
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