MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA
As palavras começam a ficar velhas: têm
dores nas articulações e rangem, de vez
em quando, sem razão: reclamam óleos
e resina, tempo e açúcares mais lentos.
Mas também eu estou velha demais para
oficinas, tão cansada de livros e papéis,
morta por viver outras coisas - por amor.
Talvez espreitasse de novo nas mangas do
mundo e escrevesse uma fiada de búzios
no pulso da areia. Mas quantos dos teus
beijos perderia? Perdoem-me os que
ainda esperam por mim. Não sei se volto.
ainda esperam por mim. Não sei se volto.
Ilustração obtida no dn.pt
2 comentários:
...é assim mesmo: sem tirar nem por!
Rangel, este poema, quando leio, me deixa sempre com uma sensação de adeus.
"As palavras começam a ficar velhas", mas,...
os poetas?
Eles cansam?
Envelhecem na criatividade?
Será?
Ou apenas dão "um tempo"?
Abraços
Valéria
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