Talvez eu devesse ser aquele homem de fibra, personalidade forte, vencedor, imbatível, (a não ser pela morte). Talvez não devesse ser, por não ter esta ideia de vitória. Talvez eu quisesse ser eu, talvez outra pessoa... Talvez ninguém assemelhado. Talvez eu nem devesse ser!
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma. A alma é o que estraga o amor. Só em Deus ela pode encontrar satisfação. Não noutra alma. Só em Deus - ou fora do mundo. As almas são incomunicáveis.
Imaginei todas as vilas e cidades, próximas e distantes, unidas, esperando pela voz de alguém que, escolhido pelo mistério, revelasse o que de mais profundo pode assaltar a alma do homem.
Vi, no sonho que se seguiu, crianças iluminadas pelo olhar dos velhos correndo em direção ao mar, trazendo de lá todo o amor necessário para transformar o mundo.
Há de chegar o dia em que naus vindas do oriente, do sonho, trarão, em doce invasão, as crianças, portadoras da voz tão esperada...
Nem sempre consigo enxergar o óbvio. Nem ver que este céu azul é enorme. Olho e não vejo estas tais magnólias. Nem vejo, sequer, o tempo passar. E nem fico triste com isto.
Para dar fim a esta rotina, posso muito bem inventar a felicidade. Ela virá vestida de rosa, impecavelmente trajada e, espero, ficará entre nós para sempre.
Posso muito bem, também, inventar um doce sorriso, que combinará sempre com esta tal felicidade.
Só não sei inventar o momento em que tudo pode acabar!
Respostas às perguntas que ouvi ao longo da vida, a ponta e o solado de meus sapatos têm buscado em caminhadas longas, curtas também, sem cansaço, sem a perplexa dúvida que a inconstância provoca. Caminho incessantemente, atento aos menores sinais ou ruídos das possíveis respostas, mesmo sussurradas, nas pequenas pegadas e rastros, como cão farejador treinado e cuidado para estas missões. Não há centímetro quadrado que não tenha sido vistoriado, não há canto que eu não tenha varrido, com inesgotável denodo e determinação para tão parcos resultados práticos. Mesmo sem ainda ter as respostas e mesmo sem resultados palpáveis, fica claramente esclarecido que em tudo o que há por fazer neste mundo, o melhor método de investigação a se adotar é o da caminhada!
Mal amanhece o dia e neste início de clarear deparo com teus olhos, teus grandes e vivos olhos, que não cansam de me contar sobre aquela ingênua época. Separam eles, claramente, tempos de verdade de dias perdidos. Estes, como vapor de água fervente, ganham rapidamente o espaço e convertem-se em nada. Já as verdades, como cristais, perduram. Embora perdurem, como alguns cristais, têm brilho opaco...
Não era a minha alma que queria ter. Esta alma já feita, com seu toque de sofrimento e de resignação, sem pureza nem afoiteza. Queria ter uma alma nova. Decidida capaz de tudo ousar. Nunca esta que tanto conheço, compassiva, torturada de trazer por casa. A alma que eu queria e devia ter... Era uma alma asselvajada, impoluta, nova, nova, nova, nova!